terça-feira, 9 de junho de 2009

O Diário de Simonton




Este ano, no dia 12 de agosto, a igreja Presbiteriana do Brasil, comemora os seus 150 anos de existência.
Meu avô era presbiteriano, por isso meu pai que hoje tem 94 anos foi criado na igreja Presbiteriana, consequentemente eu também, onde fiquei até a adolescência, para depois trilhar rumos pentecostais.
Como parte das comemorações a equipe de “Luz Para o Caminho”, está produzindo o curta metragem “O diário de Simonton”, na fazenda Limoeiro da Concórdia, parque de preservação histórica localizado em Itu, São Paulo.
O filme, com direção de Joel Yamaji e roteiro e direção de Jader Gudin, é uma reconstituição de época, 1852 a 1866. Ele baseia-se no diário do missionário americano. O curta-metragem deverá ter 22 minutos, e está orçado em 200 mil reais (cerca de 93 mil dólares) e deverá estar concluído no segundo semestre do ano.
Ashbel Green Simonton foi um missionário americano e fundador da igreja Presbiteriana do Brasil, ele chegou aqui em agosto de 1859.
Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura Universidade de Princeton), em 1852, o jovem passou cerca de um ano e meio no Mississipi, trabalhando como professor. Voltando para o seu estado, teve profunda experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e ingressou no Seminário de Princeton, fundado em 1812. No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que despertou o seu interesse pela obra missionária no exterior. Concluídos os estudos, foi ordenado em 1859 e chegou ao Brasil no dia 12 de agosto do mesmo ano.
Dizia que: “É impossível envolver um país tão vasto sem o auxílio da palavra impressa”, motivo que levou-o a criar, em 1864, a “Imprensa Evangélica”. Dois anos antes(12/01/1862), organizou, junto com o reverendo Alexander Blackford, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Pouco depois de organizar a Igreja, o jovem missionário seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. Em junho do ano seguinte, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua filhinha, que recebeu o seu nome. No final de 1867, sentindo-se adoentado, o missionário pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua irmã e seu cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde agravou-se, ele faleceu na capital paulista, vítima de febre amarela, aos 34 anos de idade, em dezembro de 1867. Seu túmulo foi um dos primeiros do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no bairro da Consolação. Helen Murdoch Simonton, a filha única do Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88 anos no dia 7 de janeiro de 1952.
O livro é um relato histórico, mas é tão interessante como uma ficção. Simonton narra com detalhes o Brasil império, o dia da Independência junto com o imperador D. Pedro II, a cultura do Rio de Janeiro antigo, histórias de São Paulo, o horror da escravidão; a febre amarela que assolava o país, dizimando ricos e pobres, tudo sob a ótica de um americano.
Abaixo segue um dos trechos do livro que demonstra a paixão do missionário pelo país que precisava ser alcançado com o Evangelho.
(Sorocaba, 20 de janeiro de 1861).
“Em conseqüência de não terem chegado de Santos as Bíblias que estou esperando, encontro-me no meu 28° aniversário em Sorocaba, sob o teto do Dr. José Remard, um compatriota excêntrico. Passou o dia, um domingo calmo em que não tive oportunidade de pregar exceto em visita que fiz a uma família alemã.
Este foi o primeiro ano que passei totalmente no Brasil.
Quando o revejo, tenho a sensação de que pouco foi feito em minha missão.Quando me lembro do dia em que entrei em casa da família da Sra. Knack, 2 de janeiro, e como era o meu português falado e escrito, posso verificar que neste ponto o tempo não foi perdido.Em lugar de proclamar com satisfação meus avanços, estou disposto a corrigir os defeitos que ficaram.
No trabalho diretamente missionário fiz pouco.Espero que as impressões e as lições dadas em minha pequena Escola Dominical não tenham se perdido. Isto e algumas Bíblias e folhetos em circulação, foi todo o meu trabalho entre os nativos.Meus concidadãos têm recebido mais de meu tempo. Daqueles que ouviram de mim o Evangelho, alguns estão nos mais variados cantos da terra.É pão lançado sobre as águas, mas sinto que tenho pouco em seu sucesso, e orado pouco por ele.
Em meu próprio progresso pouco existe a assinalar. Temo que o fato de viver sem os privilégios para crescimento em graça que têm os que vivem em países cristãos se torna evidente em minha falta de espiritualidade, na frieza e no formalismo de minhas orações, e no pouco prazer que me traz a leitura das Escrituras. Mais do que qualquer coisa, preciso do batismo do Espírito Santo. Se agora enquanto espero, na iminência de iniciar o trabalho ativo de pregação do Evangelho de Cristo, pudesse receber o dom do Espírito para habilitar-me para o trabalho, como ficaria feliz. Desejo pregar Cristo mais em termos de experiência, e ser capaz de falar do que sei porque Cristo m'o mostrou. Não posso conceber chamado mais exultante e exaltado que o daquele que,cheio de Cristo pela comunhão íntima e diária, com Ele trabalha diariamente para trazer uma nação à mesma felicidade."
(O Diário de Simonton-páginas 167,168-Casa Editora Presbiteriana)

Um comentário:

Michely disse...

Estamos trabalhando em um livro que conta a história de heróis da fé no Brasil. Precisava desta foto do Simonton que você tem em seu blog em alta resolução. Se você tiver ou conhecer alguém que tenha por gentileza peça para enviar para mvida@mvida.org.br.
Obrigada!

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