quarta-feira, 29 de abril de 2009

A Sabedoria de Israel de Lewis Browne





Entre meus livros antigos, reencontrei um precioso compêndio de dois volumes, muito raro, que me foi presenteado há uns vinte anos atrás, por uma família amiga e querida, da igreja de minha mãe, conhecedora de meu fascínio por livros.

Neles a essência da sabedoria de Israel, nos leva a ver os profetas, do Antigo e do Novo Testamento e obviamente Jesus, sob a ótica judaica, além de vários rabinos que inspirados na Torá, escreveram preciosidades literárias. Ali estão registrados os escritos de Dom Isaac Abravanel (1437-1508), um antepassado do apresentador Sílvio Santos, cujo nome de batismo é Senor Abravanel, descendentes diretos do Rei Davi.

Essa obra não é mais achada em livrarias, por isso, compartilho uma de suas páginas do Apogeu Medieval: “A sabedoria de um Iemenita”.

O Iêmen, no extremo sudoeste da Arábia, ficava a grande distância dos centros da vida judaica; contudo, mesmo ali a cultura hebraica tinha os seus adeptos fervorosos. Um dos mais notáveis foi Nataniel Ibn Al-Faiumi, principal rabi da comunidade iemenita, que em 1165, escreveu em árabe um tratado de moral intitulado: Jardim da Sabedoria, incluiu nele muito material oriundo de fontes manifestamente não judaicas. A sua justificação é a mesma que Philo apresenta quase doze séculos antes, isto é: Toda a verdade encontrada nos escritos gentios não deriva originalmente de outra fonte que não sejam os sábios hebreus.

Os trechos seguintes são extraídos da tradução de Davi Levine, do único manuscrito do Jardim da Sabedoria, ora existente na Columbia University Library.

O Rei e o Sábio

Narra-se que certo homem virtuoso não se levantou, à passagem do rei. Os servos do soberano o repreenderam, e o homem retrucou:

“__Não me levanto, em presença de criado do meu criado.”

O rei estacou então e inquiriu:

“__Como ousas dizer que eu sou criado de teu criado?

Replicou-lhe o servo de Deus:

“__Não sabes que renunciei ao mundo que tu serves e quem renunciou a uma coisa tem poder sobre ela? Na realidade, eu esqueci o mundo e os seus prazeres, ao passo que tu os serves. Logo és meu servo.”

Reconhecendo que se avinha com um sábio, o rei ordenou ao séquito que dessem ao seu interlocutor ouro e prata. Mas o sábio objetou: se o rei tivesse alguma coisa que ele, sábio, não pudesse comprar, não lhe ofereceria preço tão insignificante.

Tornou o rei:

“__dar-te-ei iguarias deliciosas.”

Ao que o sábio respondeu:

“__Em que são os meios de satisfação do rei superiores aos de seus vassalos? Ele não faz senão saciar o seu apetite.”

Então o soberano acrescentou:

“__Eu te ornarei com as vestes mais preciosas.”

Replicou o outro:

“__Só se pudesse ornar o sábio com a sabedoria, as boas ações, a abstinência das coisas materiais e o temor de Deus, em público e em particular.”

Diante disso o rei afastou-se desconsolado.

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